22 de Julho de 2010

 

A barca de Amílcar suporta até 500 quilos
A barca de Amílcar suporta até 500 quilos

Inspirando nas barcas que via no rio Tâmega quando era criança, um flaviense decidiu fazer uma réplica adaptada aos tempos modernos. O que faz mover a barca é a luz solar. E quando não há sol, o barco movimenta-se através de um gerador eléctrico alimentado com energia produzida a pedalar. Quer experimentar o engenho? Para já, os passeios são à borla.

 

Amílcar sempre foi dado a engenhocas. Desde criança. Não herdou o dote de ninguém. O pai era seu “aliado”, entusiasmava-o, comprava-lhe ferramentas, mas era pouco dado a invenções. A mãe, além de não ser dada a engenhocas, era “sempre do contra”. “Vais agora comprar isso ao rapaz! Custa muito dinheiro e ainda dá cabo dela!”, reagia comumente a mãe de Amílcar quando este comentava com o pai que precisa “mais disto ou daquilo”.

Mas a verdade é que Amílcar sempre gostou de fazer “coisas novas”, de “pôr em prática” aquilo que aprendia nas aulas de física, de trabalhos manuais ou de matemática. E foi assim que ainda em garoto construiu um carro de rolamentos que “dava nas vistas” porque lhe aplicou o sofá, que fazia de banco, ou um telescópio reflector. “Foi a peça que mais gozo me deu a fazer porque tive de aprender noções de óptica”, recorda. Mas as suas criações não se ficaram por aqui. Na década de 80, construiu uma bicicleta de quatro lugares. Mas não era só por isso que causava “sensação” na cidade. “Tinha uma bateria de um automóvel e um sistema eléctrico para businar”, lembra.

Porém, o espírito inventivo e criativo de Amílcar não se perdeu na infância e na juventude. Hoje, aos 47 anos, o proprietário da Vidraria Flaviense mantém-no e aprimorou-o.

A sua última criação é uma barca de madeira que se movimenta a energia solar, através de um painel fotovoltaico de 32 células. Para dias cinzentos, a barca possui um sistema de movimentação alternativo, através de uma rotação pedaleira, que põe em movimento um motor eléctrico. A embarcação foi construída em pouco mais de 15 dias, depois do horário de trabalho e custou cerca de 2 mil euros. A ideia da sua construção surgiu da saudade que Amílcar sentiu das barcas que noutros tempos transportavam cereais para um moinho junto ao rio. “Andavam com um lareiro, que era uma vara de amieiro”, recorda. Na sua barca, o lareiro também existe, mas só para o caso de a barca encalhar. A escolha da energia solar tem que ver com preocupações ambientais. “Nem o motor faz barulho para não incomodar as aves aquáticas. É um sossego!”, explica.

Agora, a ideia de Amílcar é partilhar o engenho com a comunidade. Por isso, está disponível para, ao fim-de-semana, colocar a barca ao dispor de quem quiser fazer um passeio no Tâmega, entre a Ponte Romana e a Ponte Nova. Seja para tirar foto, seja para puro lazer, ou até para que os mais jovens possam perceber o funcionamento de energias alternativas. E, para já, é tudo à borla.

fonte:www.semanariotransmontano.com

publicado por adm às 23:08

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