O lago do Visionarium, em Santa Maria da Feira, acolheu hoje a V Regata de Barcos Solares, em que 21 equipas de cinco escolas competiram entre si com embarcações movidas a energia fotovoltaica.
Paulo Barros, diretor de conteúdos científicos desse centro de ciência do Europarque, explicou à Lusa que a iniciativa envolve a colaboração do Instituto de Promoção da Bairrada e que o seu objetivo é que "alunos e professores se interessem pelas componentes das energias renováveis".
Pretende-se assim envolver os estudantes de vários graus de ensino na construção de um objeto que, "mantendo o ambiente de equipa e o espírito de competição", lhes permita "adquirir algumas competências ao nível do funcionamento dos painéis solares, do 'design' do próprio barco e da aerodinâmica, conjugando diferentes disciplinas".
Para Paulo Barros, a regata demonstra que "as novas gerações estão cada vez mais sensibilizadas para esta questão do racionamento de energia e da utilização de energias renováveis", pelo que iniciativas como esta funcionam também como uma oportunidade para os jovens assumirem "um papel de sensibilização junto dos pais".
Ezequiel Ferreira, da Escola Profissional CIOR, em Famalicão, integra o 11.º ano do curso de Energias Renováveis e reconhece que a conceção de um barco solar "é um bom exemplo de uma maneira de começar a mudança".
"Estamos numa altura em que cada vez os combustíveis fósseis são mais caros e mais prejudiciais para o meio ambiente", explica, "e temos que apostar na alternativa fiável que é o Sol, que nos ilumina todos os dias e tende a não acabar".
No que se refere especificamente à navegação, Ezequiel Ferreira conta que a aprendizagem em relação aos benefícios da energia solar envolveu uma grande variedade de procedimentos. "A única coisa que já vem feita são as hélices e o motor", garante. "De resto, todo o conjunto de turbina é fabricado pelo alunos e concebemos desde a soldadura das peças até à fixação do motor, painéis, rolamentos, etc.".
A madeira mais adequada para o efeito é de balsa, "que é muito leve e resistente", e os painéis fotovoltaicos são de última geração, pelo que "têm mais rendimento em dias de maior radiação social, embora sejam menos vantajosos em caso de nebulosidade".
Manuel Vieira é professor na CIOR e defende que outro aspeto que agrada particularmente aos cerca de 25 alunos da escola envolvidos na construção de barcos solares é a competição. "Eles gostam de ter uma equipa que ganhe e, à custa disso, esforçam-se por se aperfeiçoar e querem fazer as coisas direitinhas", explica.
"Os alunos têm tendência a querer ver as coisas prontas e a funcionar logo no primeiro momento", admite Vieira. "É por isso que já fomos chamados a outras escolas para lhes mostrar alguns barcos e os miúdos perceberem a velocidade que esses podem atingir".
Como exemplo, o professor faz as contas: "Um catamarã real navega a 30 nós [55,5 quilómetros] por hora; os nossos, que são pequenos e andam a energia solar, atingem, proporcionalmente, os 20 nós".
fonte:http://sicnoticias.sapo.pt/