A empresa portuguesa de painéis termodinâmicos Energie, que emprega 50 pessoas na Póvoa de Varzim, pode sair do país até ao verão ou duplicar a produção, dependendo da integração noSistema Nacional de Certificação Energética (SCE), disse o presidente.
"Se até fim de maio não tiver o SCE [Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios] irei rescindir contrato com 12 dos meus funcionários para aligeirar a estrutura e, o mais tardar até ao verão, tomamos a decisão de vender a empresa ou de nos deslocalizarmos", afirmou o presidente da empresa em entrevista à agência Lusa.
Garantindo que tem recebido "ofertas muito tentadoras", Luís Rocha diz estar "a trabalhar com empresas de consultoria internacionais" as hipóteses de deslocalização para o centro de Espanha/França ou de venda da empresa.
"Os valores que nos têm acenado são francamente grandes", revela.
Caso se concretize a desejada integração no SCE, da qual "depende a sobrevivência" da Energie emPortugal, o empresário garante que a empresa não só permanecerá no país, como "arrancará imediatamente" com a segunda fase de expansão da sua fábrica na Póvoa.
Orçado em cinco milhões de euros, este investimento - cuja primeira pedra foi lançada em março de 2009 pelo primeiro ministro, José Sócrates - permitirá praticamente duplicar os postos de trabalho e a capacidade de produção da Energie.
"A segunda fase estava prevista para este ano, o que não aconteceu devido às contrariedades que tivemos no mercado português relativamente à inserção no novo regulamento térmico. Mas estamos prontos para arrancar, estamos capitalizados e temos as licenças na câmara", afirmou o empresário.
Na base do "ultimato" de Luís Rocha está a quebra de 50 por cento das vendas em Portugal no ano passado, na sequência da polémica em torno dos painéis vendidos pela Energie e da não integração da empresa no SCE.
"Estimamos ter tido um prejuízo na ordem dos três a quatro milhões de euros no último ano", afirmou, referindo ainda os danos causados à "imagem" da empresa, que lhe tornaram a vida "impossível no mercado" português.
Face ao recuo do mercado interno, a Energie tem apostado na exportação, que iniciou há dois anos e representa 54 por cento das vendas, permitindo-lhe encerrar 2009 com um aumento de 32,7 por cento da faturação.
Só a certificação da Energie segundo o SCE - que aguarda desde janeiro por uma resposta da Direcção Geral de Energia - possibilitará à unidade vender os seus equipamentos térmicos para edifícios novos e recuperar a posição no mercado, disse o empresário.
É que, explicou, ao abrigo do novo regulamento térmico, todos os edifícios construídos desde o início de 2009 têm que ter um certificado energético e os imóveis com equipamentos não abrangidos pelo SCE "teriam necessariamente uma classificação menor porque não estão reconhecidos" pelas entidades competentes.
"Obter o SCE é vital para continuarmos a existir em Portugal, neste momento só podemos equipar edifícios que não vão pedir o certificado energético", sustentou Luís Rocha.
fonte:www.ionline.pt