Tecnologia desenvolvida por pesquisador da Unesp-SP gera até 53% a mais de eletricidade do que os painéis convencionais
Ana Paula Rocha
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Dispositivo computacional coordena movimentação de placas |
"Há um dispositivo computacional calculando a posição do Sol e movimentando motores de passo para que o painel esteja sempre em posição perpendicular à incidência dos raios solares, captando assim a maior quantidade possível de radiação solar que chega à sua superfície e convertendo-a em energia elétrica", explica o autor do projeto, o professor Alceu Ferreira Alves, da Faculdade de Engenharia de Bauru. Nos sistemas convencionais, o suporte fixo dos painéis fotovoltaicos não permite ajustes, deixando-os sempre direcionados para o norte, o que diminui a captação de energia. Há também outros sistemas que trabalham com movimentação semelhante ao desenvolvido na Unesp, porém, estes dependem de sensores para verificar a posição do sol e que podem falhar na presença de nuvens. "Caso haja interferências, como nuvens, por exemplo, o sistema proposto continua movimentando-se da mesma maneira, pois sabe através das equações onde o sol está", afirma o professor. "O sistema funciona em malha aberta, não necessitando de sensores para o correto posicionamento dos motores, nem de uma estrutura mecânica diferenciada", continua. Apenas 0,095% da eletricidade gerada é consumida pela movimentação dos painéis. Em relação ao custo do sistema, o pesquisador afirma que é maior do que um sistema fixo, além de necessitar de manutenção. "Ainda assim, o ganho em conversão da luz solar em eletricidade compensa a utilização do sistema", defende.
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Painéis sendo testados na Unesp |
Segundo Alves, quatro painéis fotovoltaicos com duas baterias são suficientes para prover uma residência com no máximo 70 m², por quatro horas diárias. Essa habitação poderia ter, por exemplo, oito lâmpadas fluorescentes compactas, um aparelho de TV, um telefone via rádio e uma bomba d'água para irrigar uma plantação e alimentar uma criação de animais. Além disso, não há restrições quanto ao local a ser instalado. "À medida que surjam interessados em comercializar o sistema, poderemos discutir esta possibilidade. Inicialmente, trata-se de uma pesquisa puramente acadêmica, que resultou em minha Tese de Doutorado", finaliza Alceu Ferreira Alves. A pesquisa contou com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e da Fundunesp (Fundação para o Desenvolvimento da Unesp). A orientação foi do professor José Angelo Cagnon, também da Faculdade de Engenharia de Bauru.
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Sistema possui duas baterias por placa fotovoltaica Fonte:www.piniweb.com.br |